domingo, 20 de maio de 2018

Konoha Hiden - Capítulo Cinco (Tradução)

A novela "Naruto - Konoha Hiden: Shūgenbiyori" (Naruto - Konoha Hiden: O Dia Perfeito para um Casamento), autoria de Shō Hinata, foi lançada em 01 de Maio de 2015 no Japão. O livro contém 240 páginas.


Os capítulos da novela serão traduzidos para o português a medida do possível. A tradução para o inglês foi realizada por cacatuasulphureacitrinocristata. Você pode ler o quinto capítulo abaixo. Para ver outras partes do livro acesse aqui.

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Capítulo Cinco: Relação Entre Elas

Com apenas um olhar, Haruno Sakura soube que este presente era O Presente. É isso, pensou ela, não há melhor presente de casamento do que isso!

Ela esteve procurando por presentes dentro de sua loja de moda favorita quando seus olhos pousaram sobre uma maravilha: uma moldura de foto exclusiva e única.

A cor, a forma, mesmo os pequenos detalhes esculpidos no design, tudo sobre ele se encaixava perfeitamente nos gostos de Sakura. Quase a fez sentir como se a moldura tivesse existido para que pudesse ser comprada por ela.

Sakura era do tipo que gostava de comprar itens exclusivos. Ela decidiu que não seria correto comprar um presente que ela não quisesse para si. Se você não gostar do presente que você está comprando, como pode estar confiante em dá-lo a alguém, não é?

Ah, se eu pudesse, eu gostaria de decorar meu quarto com isso. Ela não conseguia parar de pensar, se eu tivesse algo bonito como isso em meu quarto, eu ficaria ansiosa para voltar para casa todos os dias...

Mas, honestamente, a maior razão por Sakura ter gostado da moldura era porque era exclusiva. Não havia outras duplicatas. Ela era a única no mundo, algo que ninguém mais teria.

Era um presente de casamento, por isso, seria desastroso se alguém comprasse a mesma coisa que ela. Mas assim que comprasse esta moldura exclusiva, ela não teria que se preocupar com mais ninguém comprando o mesmo presente.

Mesmo se acontecesse de alguém dar ao casal uma outra moldura, não teria o mesmo design que essa, e seu presente ainda seria superior em sua singularidade.

Do mesmo jeito, até onde ela sabia, ninguém estava pensando em comprar uma moldura para o casal.

Capitão Yamato, por exemplo, tinha o hobby de ler livros sobre design de arquitetura e construção.

"Móveis para combinar com a nova casa deles..." Yamato havia murmurado com sua habitual expressão vazia em seu rosto, "Ou, não, talvez seja a própria nova casa que eu deveria..."

Em seguida, havia Sai, que tinha um talento para a arte. Ele esteve anormalmente entusiasmado, falando sobre como ele passava as noites acordado pintando um presente de casamento para o casal.

Ela, na verdade, esbarrou com Sai esta manhã. Ela viu ele de pé parado no meio da rua, com olhar horrorizado para o rolo branco em suas mãos. Sua arte tinha desaparecido completamente.

"Sakura..." Sai disse atordoado. "O pássaro voou para longe... para o céu..."

O que diabos ele estava fazendo com sua tinta? Se você perguntasse a Sakura, Sai estava entusiasmado demais.

De qualquer forma, no final das contas todos estavam escolhendo presentes que refletiam seus próprios hobbies ou habilidades. Então, Sakura decidiu comprar uma lembrança elegante como presente, algo que iria combinar com sua natureza feminina. E assim, seus olhos tinham pairado sobre a moldura de foto mencionada acima.

A moldura era perfeita. Era um presente que viraria uma lembrança preciosa, algo que não poderia deixar de ser usado. Acima disso, você não precisaria escolher sobre a parte mais importante da moldura: a foto que seria exibida dentro. Essa escolha foi deixada para os presenteados.

Sakura imaginou a moldura exposta em um canto da sala de Naruto e Hinata. Eles poderiam colocar a foto do casamento deles no quadro, ou talvez um dia, uma foto de seu filho recém-nascido. De qualquer forma, seria agradável.

Essas memórias felizes preservadas na moldura iriam vigiar a futura vida deles. O casal estaria sorrindo em sua foto, e sorrindo na vida real, sempre que olhassem para a foto.

Por alguma razão, só pensar naquilo fez Sakura se sentir feliz também. Suas bochechas se curvaram com um sorriso.

Este era o presente. Seria o melhor presente de casamento.

Sakura estendeu a mão para o moldura e–

Encontrou outra mão que havia pousado no outro lado da moldura.

Sakura tentou puxar o quadro das mãos da outra pessoa com um grande puxão. No entanto, a outra parte tinha tentado fazer a mesma coisa, ao mesmo tempo.

A moldura tremeu, movendo em direções opostas a força aplicada.

Os olhos de Sakura seguiram a mão do intruso até o rosto de seu dono.

Seus olhos se encontraram com os de Yamanaka Ino.

"Ino, solte isso...!" Sakura rangeu os dentes, puxando com toda a força.

"Solte você, Sakura...!" Ino estava puxando com toda sua força também.

Sakura e Ino eram amigas muito próximas. Desde que eram crianças, elas tinham sido amigas, e elas tinham sido rivais.

Ainda no outro dia, elas foram colocadas em uma missão como uma equipe. Tinha sido uma tarefa muito repentina, mas elas trabalharam juntas, com uma cooperação sem falhas. Elas praticamente respiravam em sincronia.

Mas pensar que elas tinham ido para a mesma loja, ao mesmo tempo, e estenderam a mão para alcançar o mesmo item no mesmo instante... era como se o destino estivesse pregando uma peça nelas. Elas não conseguiriam escolher melhor o tempo se tivessem planejado de antemão.

Talvez elas estivessem respirando em sincronia.

Se elas fossem um homem e uma mulher, elas poderiam ter se apaixonado. Talvez, pequenos corações estariam estalando e batendo em torno delas.

Infelizmente, a única coisa que Sakura e Ino estavam irrompendo no momento eram chamas e faíscas de uma guerra iminente.

Uma olhada no rosto de Sakura para perceber que suas intenções eram as mesmas que as da Ino. As mulheres eram boas em perceber esse tipo de coisas. Ino tinha percebido isso também.

Nós duas queremos comprar isso para dar de presente de casamento...!

Toda mulher entendia a intenção dos outros imediatamente, e uma luta feroz começou.

"Eu encontrei ela primeiro...!" Ino disse entre dentes cerrados.

"Eu fui mais rápida obrigada...!" Sakura respondeu, colocando toda a força que tinha.

Sempre que ela e Ino se enfrentavam desse jeito, ela não podia deixar de sentir a feroz competição da sua infância ganhando vida novamente.

A moldura começou a tremer por causa da forte pressão exercida em ambos os lados.

Mas, eu agarrei com a mão direita! Sakura pensou consigo mesma, seu interior gargalhando de alegria.

As chances de vitória estavam nas mãos. Sakura tinha agarrado a moldura com a mão direita, e Ino tinha agarrado com a esquerda.

Não há como o frágil aperto da mão esquerda de Ino resistir ao poder esmagador da minha mão direita!

"Shannaro!" Sakura gritou, e colocou toda a força em sua mão direita. A moldura escorregou das mãos de Ino em um movimento suave.

"Ahh! O q– que você está fazendo?! Me dê isso de volta!" Ino protestou ferozmente.

Sakura era uma mulher agora. Ela ignorou as reclamações estridentes de Ino com uma compostura madura.

Falar que elas eram rivais ou qualquer coisa do tipo era um passado distante. No momento, Sakura tinha ultrapassado Ino. Sakura segurou a moldura em suas mãos e sentiu o brilho da vitória inflar seu peito.

"Você é tão bruta!" Disse Ino, "Uma idiota com força bruta!"

"Quem você está chamando de idiota?!" Sakura ficou irritada, inconscientemente apertando a moldura em suas mãos.

Sakura tentou recuperar a compostura e voltar a ser madura, de cabeça fria, mulher crescida.

"H– ha ha. Ino, você sabe que eu sou a melhor ninja médica de toda a aldeia, certo? O jutsu médico de alta qualidade que eu uso requer controle muito preciso de chakra. Me chamar de idiota seria um pouco indevido... Eu me sobressaio tanto no controle de chakra ao ponto de parecer ter uma resistência superior aos outros. Minha força comprova a excelente ninja médica que eu sou. Mas Ino, suponho o seguinte, se você usasse o shintenshin no jutsu (técnica da transferência de mente) e entrasse no meu corpo, duvido que seria capaz de conseguir esse nível de controle de chakra, hein?"

"Ugh..." Ino deu um passo para trás, soltando um som de irritação do fundo de sua garganta.

Eu ganhei. Sakura pensou. Isso mesmo Ino, é melhor você recuar.

Sakura virou as costas para Ino para ir até a caixa registadora, e nesse momento–

"Ah, a propósito Sakura, você não está pensando em dar esse quadro de fotos para Naruto e Hinata como presente de casamento, não é?" Disse Ino com um tom sarcástico. "Você não está, não é? Você não conseguiria pensar em um presente tão brega."

"O qu–?!" Sakura parou, sem pensar ela vira o corpo para olhar para Ino.

Mas no minuto em que viu o sorriso malicioso no rosto de Ino, Sakura viu através dela.

Ah, que ingênua, Ino.

Sakura estava familiarizada com as táticas de Ino. Ela estava depreciando a moldura de modo que Sakura decidisse não comprá-la. Ino tinha percebido que não conseguiria ganhar da força bruta de Sakura, agora ela estava tentando ganhar com palavras.

No entanto, esse movimento não iria funcionar.

"O que você está dizendo?" Sakura retrucou. "Você estava desesperada para comprar isso há um minuto atrás!"

"Eugh... Is–isso era..."

Fraca. Muito fraca, Ino. Você é sempre assim, se alguém aponta uma falha no que você falou, por menor que seja, você fica perturbada na hora.

"Que senso de moda você tem, tentando desesperadamente comprar algo que você achou brega." Disse Sakura, dando o golpe final.

Ino tinha ficado presa em uma armadilha feita por ela mesma.

"E–eu não disse que iria comprá-la...!" Ino protestou.

"Então por que você estava segurando tão firme?"

“Is–isso é... lixo, sim, lixo. Eu pensei que alguém tinha jogado fora e queria jogá-lo no lixo!"

"Que desculpa esfarrapada! Por favor, como se houvesse um lixo em uma prateleira no meio de uma loja?!"

Sakura avistou um empregado da loja vindo na direção delas.

"Uhm, honrados clientes", Disse o funcionário educadamente, "Eu sinto muito, mas vocês estão perturbando os outros clientes..."

Ahh, ela acabou levantando a voz sem perceber. Sakura rapidamente virou-se para se desculpar com o empregado.

"E–eu sinto muito..." Sakura cutucou Ino com o cotovelo. "Vamos, Ino, se desculpe também. Graças a você, temos sido um incômodo..."

"Como é? A culpa é sua por fazer tumulto e gritar, não é?!" Ino empurrou as costas de Sakura. "Cuidado com o que diz!"

Sakura e Ino se encararam, e no instante seguinte, ambas se lançaram uma contra a outra. Suas mãos agarravam e puxavam o cabelo e roupas da outra, enquanto lutavam.

"Em primeiro lugar, as coisas ficaram assim porque você se intrometeu!"

"Eu contínuo dizendo, eu encontrei primeiro!"

"Honrados clientes!" O funcionário em pânico tentou intervir. "Por favor, parem, honrados clientes!"

Ironicamente, o momento a seguir foi o único onde Sakura e Ino se deram bem.

"CALE A BOCA!" Ambas gritaram para o empregado, com expressões ferozes, como um demônio, em seus rostos.

Um silêncio mortal caiu sobre a loja. Parecia que o tempo havia parado.

O funcionário que tentou interferir baixou o queixo.

Mas no instante seguinte, seus traços se endureceram.

Quando Ino e Sakura voltaram a si, pedindo desculpas a ele em voz baixa, já era tarde.

Ambos foram expulsas fora da loja.

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Mas... só porque elas foram expulsas, isso não significava que a discussão tinha terminado.

"Olhe o que você fez! Eu não acredito que eu fui expulsa para fora da loja!"

"Olhe o que você fez! Agora que eu finalmente tinha encontrado um bom presente de casamento!"

Sakura e Ino estavam discutindo em voz alta no meio da rua, sem se importar com quaisquer olhos curiosos que iriam parar para ver sobre o que era a confusão.

"Encontrou?" Ino zombou, "Oh, essa é uma boa maneira de dizer, arrancar algo das mãos de alguém com força bruta! Em primeiro lugar, Sakura, você não pode se comprometer com nada! Você não tem um coração, apenas força bruta e nada mais! Isso não está ajudando você!"

"Como é?! Ter um coração não tem nada a ver com isso! Faça-me um favor e pare de dizer coisas sem sentido só porque eu melhor do que você em tudo!"

"Como é?! O que quer dizer com melhor do que você em tudo? Quando se trata de qual de nós é mais feminina, eu sou a melhor!"

"Feminilidade?" Sakura zombou. "Onde? Você é só espalhafatosa e chamativa!"

"Ah, que má perdedora!" Ino se vangloriava. "Quando se trata de aparência, senso de moda, arranjo de flores, e cozinhar, eu sou melhor em cada uma dessas coisas! Oh, mas quando se trata de ter força sobre-humana, a vitória é é certamente sua."

Ino, sua porca...!

Uma veia cresceu na testa de Sakura. Mas, ela não tinha perdido ainda.

"Oh? Eu sei cozinhar muito bem, sabia? E quando se trata de coisas como aparência ou senso de moda, essas são coisas estúpidas para se preocupar. Sabe, é por causa desse tipo de coisa ser sua preocupação que você não é a melhor." Sakura deu um exagerado e dramático suspiro, balançando a cabeça com decepção. "Só porque as pessoas nunca vão olhar para você e ver uma mulher inteligente, como eles fazem comigo, isso não significa que você deva ficar contra mim."

Ino não fez mais do que recuar.

"Ahh, Sakura, na verdade, falando nisso, me ocorreu um pensamento. Alguém que fica convencida quando sua única boa característica é a força bruta, esse tipo de mulher nunca será pedida em casamento, certo? Isso é tão lamentável..."

"Nunca será pedida em casamento?! Isso é o que eu deveria estar dizendo a você!"

"Eh? Oh, eu sinto muito, Sakura. Eu não falei de você em particular, mas eu acho que eu acidentalmente acertei o alvo, hein? Eu vou pedir desculpas se eu feri seus sentimentos~"

"Você..."

Ino trouxera um assunto incrivelmente sensível, apesar da discussão ser sobre presentes de casamento, mas isso era longe demais. Era um golpe baixo.

"Mas bem," Ino continuou. "Eu acho meio óbvio que apenas uma boa cabeça e força bruta não são suficientes para garantir que você será uma noiva."

O que você é, uma mestre do sarcasmo? Pensou Sakura, mas respondeu sem se encolher.

"Eu continuo dizendo a você que eu consigo cozinhar! E a minha comida certamente será melhor que a sua, Ino."

"Perdão? Sakura, você acha que alguém como você pode me vencer na cozinha, é isso?"

"Obviamente que penso. Estou confiante de que eu não perderia para você!"

"Tudo bem. Vamos descobrir quem é melhor!"

Ino e Sakura se encararam.

De alguma forma, o resultado do orgulho e teimosia delas tinha se transformado em uma competição culinária.

Presentes de casamento, o quadro de fotos, todo o resto foi jogado pela janela e completamente esquecido. Nem se importaram em como as coisas tinham chegado a isso.

A única coisa que alimentava as duas mulheres era fazer tudo ao seu alcance para limpar o sorriso presunçoso do rosto da rival.

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Sakura e Ino.

A competição de culinária que iria colocar ambos os seus orgulhos femininos na reta já tinha começado.

O prato estrela da competição: hyōrōgan (pílulas de ração militar).

Pílulas de ração militar eram pequenas massas transportáveis de alimentos que shinobi gostavam de comer.

Alimentos com alto nível de nutrientes que foram amassados e desidratados em bolinhas. Elas eram muito conhecidas e amplamente utilizadas em todo o mundo shinobi como uma ração militar padrão.

No entanto, o mundo das pílulas de ração militar era mais profundo do que aparenta.

Não seria um exagero dizer que o número de variedades de pílulas de ração militar eram iguais ao número de pessoas que as faziam. Isto era porque os ingredientes utilizados nas pílulas de ração militar, bem como o seu tamanho, variavam de fabricante para fabricante.

Por exemplo, haviam aqueles que faziam pílulas de ração militar utilizando ingredientes listados em uma receita secreta transmitida dentro de seu clã por gerações. E havia também aqueles que as faziam tão grandes que elas eram do tamanho de uma bola de arroz. E havia aqueles que faziam para consumo animal, e não para seres humanos.

Pílulas de ração militar eram um tipo de alimento cujo conteúdo já foi alterado por muitos, muitos fatores. A receita familiar, preferências, condição física, táticas, duração da missão, condições meteorológicas... Todos esses fatores influenciavam na fabricação de uma única pílula de ração militar.

Era por isso que Ino e Sakura tinham decidido que a pílula seria o prato para sua competição.

Era rápido de fazer, e fácil de comer. A grande variedade de receitas também permitia que Sakura e Ino exibissem suas diferentes personalidades e habilidades, e rapidamente e facilmente determinar qual era superior.

Sakura tinha comprado seus ingredientes, ido para casa, e começado a trabalhar na criação de sua pílula de ração militar.

Ela derramou todos os ingredientes nas tigelas, e concentrou-se em triturará-los com um pilão de madeira. Primeiro, haviam sementes de gergelim, amêndoas e nozes. Todos os ingredientes que eram comumente usados em Konoha.

"Só espere e veja!" Ela murmurou enquanto moía os ingredientes virando pó. "Eu vou te mostrar que quando se trata de cozinhar, a minha habilidade é a maior!"

Todos os ingredientes usados nas pílulas eram geralmente preparados da mesma maneira: moendo até eles se tornarem pó.

Sakura adicionou mais alguns ingredientes frequentemente utilizados, como o mel e cristais de açúcar, continuando com seu trabalho. Enquanto ela moía os ingredientes juntos, seus pensamentos voltaram para seus dias de Academia.

As Aulas de Kunoichi da academia incluíam ensinar as jovens kunoichi coisas como arranjo de flores e cerimônia de chá. Você tinha que aprender uma grande variedade de informações sobre cultura e comportamento. As aulas existiam para que kunoichi pudessem facilmente se infiltrar em território inimigo sem serem detectadas, para que seu comportamento e conhecimento não revelasse sua natureza interna. Você não poderia se tornar uma kunoichi bem sucedida se você não soubesse agir como uma mulher normal.

E muitas dessas Aulas de Kunoichi incluíam, naturalmente, culinária.

Ino havia brilhado na aula de culinária, realizando suas receitas ao pé da letra.

Sakura, por outro lado, não conseguia segui-las tão facilmente.

Naquela época, Sakura olhava com um pouco de inveja para a sempre popular Ino.

Mas agora, as coisas são diferentes.

Como kunoichi, e como mulher, Sakura continuou crescendo e melhorando suas habilidades. A pessoa que ela costumava admirar no passado se tornou alguém que ela poderia enfrentar de frente, lado a lado. E agora, Sakura deu um passo para ir em frente, mais longe do que Ino.

"Ino... na cozinha, ou qualquer outra coisa que entre no meu caminho, prepare-se para dar aquela boa olhada nas minhas costas!" Disse Sakura furiosa, com seu espírito de luta completo, enquanto moía com o pilão de madeira.

Ino tinha dito que ela nunca se tornaria uma noiva bem, Sakura não estava disposta a ser rebaixada desse jeito. Ela não podia se dar o luxo de perder essa batalha. Em primeiro lugar, Ino estava se deixando levar pela felicidade de estar se dando bem com Sai. Sakura não ia perder para essa repentina alegria.

Você vai sentir o gosto da ira de uma mulher desabrochar! Pensou Sakura cruelmente.

Cozinhar pode ser um pouco diferente do assunto que tinha provocado sua raiva, mas de qualquer forma, era uma vitória. E Sakura tinha preparado um plano que garantiria sua vitória.

"Fufufu... é isso." Sakura deixou um sorriso perverso preencher seu rosto assustador, segurando o ingrediente que era a chave para seu sucesso.

O ingrediente em questão era pudim.

Sakura havia associado o ingrediente com Ino desde a infância. Ela sabia tudo sobre o grande amor de Ino por pudim. Na verdade, ela sabia todos os gostos e desgostos de Ino.

Para shinobi, informação era tudo. Não era arrogante por parte da Sakura pensar que ela ia ganhar, quando ela tinha conhecimento dos gostos de Ino.

Repleta de excesso de confiança, Sakura jogou o pudim em sua massa de pílula de ração militar. Gargalhando, ela misturou-o com um sorriso de alegria.

"Com isto, minha vitória está garantida!"

O que faltava após isso era moldar a massa em uma bola de tamanho adequado e desidratar.

Em um curto espaço de tempo, a especial pílula de ração militar doce com sabor de pudim de Sakura estava completa.

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Algum tempo depois, nas proximidades do armazém do qual foram expulsas...

Ino já estava de pé no lugar que elas tinham combinado, era uma das principais ruas de Konoha.

Os olhos de Sakura encontraram os de Ino, e Ino deu largo sorriso.

"Então você apareceu, Sakura." Disse Ino, "E aqui estava eu começando a pensar que você fugiu porque percebeu que não era páreo para mim."

Aposto que ela chegou mais cedo propositalmente só para que pudesse dizer aquela frase para mim...! Pensou Sakura, estalando a língua.

A razão pela qual ela pensou aquilo era porque Sakura tinha chegado exatamente na hora marcada. Ela havia decidido que não seria uma pessoa que se atrasa como Kakashi-sensei.

Que coisa sem sentido de se fazer...

Mas Sakura não iria ser provocada por truques mesquinhos como esse. A vitória estava dentro da palma de suas mãos. Ino podia se gabar enquanto podia.

"A vitória vem para aqueles que aproveitam o tempo." Disse Sakura encarando Ino. Sua compostura era magnífica, e ela estava totalmente confiante em sua iminente vitória.

"Tudo bem, a nossa disputa começou." Disse Ino serenamente. "Então, para garantir que o jogo seja justo, vamos levar nossas pílulas de ração militar a uma terceira pessoa que vai julgar qual é a mais deliciosa."

"Hein?!" Sakura ficou boquiaberta. "Você não vai comer isso?!"

Em um único instante, a vitória nas mãos de Sakura tinha se reduzido a pó e escombros.

"Óbvio que não." Os olhos de Ino estavam arregalados de surpresa com a reação de Sakura. "Se nós provarmos a comida uma da outra, há uma grande chance de que nenhuma de nós seja honesta. É por isso que precisamos de uma terceira pessoa para ser o juiz."

O raciocínio de Ino era perfeito. Sakura foi pega de surpresa. E pensar que Ino não iria comer a pílula de ração militar... gastar seu tempo para comprar pudim se provou inútil. Ter todo o trabalho de fazer a pílula do sabor favorito de Ino foi totalmente inútil.

"A julgar pela sua reação, Sakura... não me diga que..." Ino olhava fixamente para Sakura, franzindo a testa. "...Você não colocou veneno na pílula, não é?"

"Como se eu fosse fazer uma coisa dessas!"

Agora foi demais. Como Ino poderia duvidar de sua melhor amiga?

"Eu me pergunto..." Ino disse, "Bem, de qualquer maneira, deixa pra lá. Então, eu acho que deveríamos chamar Chouji para ser o juiz."

"Es– Espere um minuto! Chouji é o seu companheiro de equipe!"

"É o Chouji, quando se trata de comida, ele não vai mentir? Ele não vai distorcer os fatos para que eu ganhe. Quando se trata de comida, Chouji seria o juiz mais confiável, não é?"

Bem, colocado dessa maneira, qualquer um concordaria. Sakura se viu concordando com o raciocínio de Ino.

"Tudo bem, eu vou trazer Chouji. Eu o vi por aqui em algum lugar há um tempo atrás." Disse Ino, e desapareceu.

Pouco tempo depois, Sakura conseguia ouvi-la voltando, com Chouji de tira colo, ela gritava coisas como 'venha depressa!' e 'é uma oportunidade para comer comidas caseiras, sabe!' e outras coisas.

Soou como se Chouji resistisse ao cargo de juiz.

Lentamente, Chouji surgiu no campo de visão de Sakura, sendo arrastado por uma Ino insistente. Seu rosto parecia melancólico. Ino estava forçando-o a participar.

"Espere, Ino." Ele estava protestando, "Eu desci até aqui para comer sorvete."

"Tudo bem, tudo bem. Você sempre diz que tem um estômago separado para sobremesas, não é?"

"Sim. Mas o que eu estou tentando dizer, é que eu já comi sobremesa... Oh, Sakura." Os olhos de Chouji pousaram sobre ela, ele pediu ajuda. "Ino não me entende. Ela quer me fazer de cobaia para uma pílula de ração militar. Salve-me, por favor."

"Então, Ino." Disse Sakura, "Qual pílula vamos dar a ele primeiro?"

Sakura esperava que Chouji dissesse algo como 'Oh droga, você está nessa também!' Mas em vez disso, ele ficou calmo.

"Oh, bem, acho que tenho um estômago separado para pílulas de ração militar também..." Disse Chouji soando com muita confiança.

Sakura ficou tranquilizada. Ino estava certa. Chouji seria um juiz justo e imparcial para ambas.

Além disso, mesmo se Ino não comesse a pílula, isso não mudaria o fato de que o pudim iria fazê-la ter um gosto doce e delicioso. Ela ainda seria capaz de vencer. Sakura apertou os punhos com força.

"Ok, então, Chouji, você poderá comer as duas pílulas e nos dizer qual é a mais deliciosa?"

Ino entregou para Chouji a pílula que tinha feito, e Sakura fez o mesmo.

Chouji olhou para as pílulas de ração militar que ele segurava nas mãos, os olhos cintilavam, passando de uma para a outra. Ele levou a da Sakura para a boca primeiro, e deu uma mordida. Ele estava julgando, ao invés de comer a pílula inteira, ele só mordeu metade.

"Is... isto é..." Os olhos de Chouji arregalaram, lembrando pratos de jantar.

Sakura esperou por sua reação e...

"Delicioso! Isto é realmente delicioso! É incrivelmente doce, e acabou com todo o meu cansaço!"

Chouji estava tão encantado, e logo jogou a outra metade da pílula em sua boca. Ele não parou por aí, ele pegou as pílulas de ração militar extras que Sakura tinha feito, e devorou algumas delas também.

"Certo!" Zombou Sakura, levantando o punho no ar.

Dê uma boa olhada, Ino. Esta é uma exibição das minhas reais habilidades!

A reação positiva do Chouji tinha sido inesperada. Ino estava olhando para ele com um olhar de horror, e Sakura podia ouvir os molares da mulher rangendo.

"Que tal?" Sakura perguntou a ela, "Talvez você deva aceitar a minha vitória?"

"Cho–Chouji." Ino estava nervosa. "Vamos, apresse-se e coma a minha também."

As bochechas de Chouji estavam recheadas com as pílulas de ração militar da Sakura, mas ele rapidamente jogou a pílula de Ino na boca também. Ele jogou a coisa toda, fazendo diferente da primeira vez.

Ele jogou mais três, quatro pílulas de Ino. Talvez fosse para que ele pudesse provar melhor, uma vez que, algumas das pílulas de ração militar de Sakura ainda estavam em sua boca.

"Sim... sim... sim...!" Os olhos de Chouji estavam arregalados como pires, e ele estava balançando a cabeça fervorosamente. "Incrível! Estas são doces e deliciosas também!"

Chouji engoliu as pílulas de uma vez só. Um sorriso de incrível satisfação se formou em seu rosto.

Ino tinha ficado nervosa e animada, pressionando-o para obter respostas.

"Então, qual é? Qual é a mais deliciosa? Vamos."

"Hmm... ambas são doces e deliciosas, por isso é muito difícil de dizer qual delas é melhor." Chouji murmurou. Ele inclinou a cabeça para o lado, confuso, cruzando os braços enquanto mastigava.

Uma após a outra, mais pílulas de Ino e Sakura foram jogadas em sua boca, sendo cuidadosamente mastigadas e avaliadas.

"Sim, eu acho que ambas são boas. Elas são doces e deliciosas. Sim, realmente delicioso. Delic–geugh." As pernas de Chouji balançaram, e ele desmaiou. Sangue estava escorrendo de suas narinas.

"Oh não!"

"O q–espere– o que há de errado?!"

Chouji estava largado no chão, os olhos arregalados. Uma pílula caindo de sua mão frouxa, e ao ver que era de Ino, Sakura soltou um grito.

"Veneno!" Ela gritou. "Ino, você! Você colocou veneno nela, não é?!"

"Como se eu fosse fazer isso! Que tipo de pessoa você acha que eu sou?!"

"De–de qualquer forma, precisamos dar-lhe assistência médica! Chouji, volte a si!"

A boca de Chouji se abriu ao ouvir a voz de Sakura.

"Mesmo que eu tenha feito... muitos... bons companheiros..." Ele murmurou incoerentemente, sangue escorrendo por seu nariz.

"O que está acontecendo?! A sua vida está passando diante de seus olhos?!"

"Nããããããããoooo, Chouji, não morra!" Ino gritou, "Sakura, rápido, faça alguma coisa!"

Ino estava chorando, mas Sakura não conseguia entender como Chouji tinha ficado assim. Examinando Chouji, ele parecia estar em perfeita saúde. A única causa possível para seu estado era as pílulas de ração militar que havia comido.

"Não... não me diga..." Sakura engoliu em seco. "Um veneno... desconhecido...?"

Sakura olhava fixamente para Ino, com uma expressão arrepiante no rosto.

"Por que você está desconfiada de mim?!" Ino gritou.

"Ele ficou assim depois de comer sua pílula de ração militar..."

"É possível que o efeito de suas pílulas tenha causado isso!"

"Mas eu não colocaria veneno!"

"Eu fiz... tantos... companheiros..." Chouji em delírio murmurou.

"Isso é mau! A vida de Chouji está passando diante de seus olhos outra vez!"

"Não temos tempo para discutir...!" Disse Sakura para si mesma, reunindo determinação.

Ela estendeu a mão para pegar uma das pílulas de Ino.

"O que você vai fazer?!"

"Eu preciso descobrir o que tem nisso, e essa é a melhor maneira de fazer", disse Sakura, e cuidadosamente aproximou a pílula e pressionou contra sua língua. "Se houver algum veneno nisso, minha língua, provavelmente, ficará dormente..."

Ao invés de comê-la de imediato, seria melhor prová-la e verificar primeiro.

"Eu continuo dizendo que eu não coloquei nenhum veneno nela! Ugh, sinceramente!" Ino estendeu a mão e pegou uma pílula também, só que esta era da Sakura. Ela lambeu a pílula também. "É possível que a sua seja a estranha!"

Sakura cuidadosamente testou a pílula de ração militar, mantendo-a contra sua língua. Suando frio, ela manteve a pílula no lugar, com determinação.

Por um tempo, as coisas ficaram silenciosas.

Sakura quebrou cuidadosamente a pílula em sua mão em pequenos pedaços. Ao vê-la fazer isso, Ino timidamente fez o mesmo. Ambas colocaram pedaços muito pequenos da pílula em suas línguas, movendo-as pela mesma.

"...É delicioso."

"...Sim."

Ambas jogaram os restos das pílulas em suas bocas, incapazes de se conter.

"O que é isso... esse sabor, é incrivelmente delicioso!" Sakura não conseguia sequer esconder sua surpresa enquanto mastigava.

"A minha também, eu amo este sabor!" Ino não conseguiu esconder a sua surpresa, também.

Não havia nenhum veneno, afinal. Em vez disso, a pílula de Ino era do sabor favorito de Sakura: bolas brancas de anmitsu. Em outras palavras, era um doce, o mesmo que a da Sakura.

Então, por que raios...?

Enquanto Sakura estava pensando, Chouji subitamente voltou a ficar de pé.

"Chouji, você está bem?!"

"Ahh, isso me surpreendeu." Disse Chouji, limpando o sangue que derramou pelo nariz. "Meu açúcar no sangue aumentou subitamente... Huh, e pensar que eu tive até um sangramento no nariz."

Então, foi isso: açúcar no sangue. Agora que Chouji falou, Sakura também entendeu.

Era verdade que as duas pílulas eram muito doces. E era uma porção individual. Chouji havia comido grandes quantidades, e de uma só vez. Não é de admirar que a enorme quantidade de açúcar em seu sistema tenha afetado ele.

E ele também mencionou ter comido sorvete antes disso. Não importa o quão grande comilão Chouji fosse, receber mais açúcar do que ele precisava, e de uma só vez, ia afetá-lo para pior.

"Ahhhhh, eu estou tão feliz, foi isso o que aconteceu..." Ino soltou um enorme suspiro de alívio. Sakura olhou para ela, e a mulher parecia como se todo o peso do mundo tivesse sido tirado de seus ombros.

"Sim, foi isso o que aconteceu. Mas sabe, depois de comer essas pílulas de ração militar, eu sinto como se tivesse comido pudim e bolas brancas de anmitsu. Hmm, depois disso, talvez eu vá comer algumas castanhas doces?"

Sakura e Ino encararam Chouji, pasmas.

"Chouji, você vai se matar se continuar assim?!"

"Está tudo bem." Chouji respondeu. "As coisas que eu acabei de comer já foram digeridas."

"Isso é algo que normalmente não seria possível..." Ino encarou Chouji, chocada. "Chouji, você é realmente incrível..."

"Mas ei, Ino." Sakura se virou para perguntar à mulher. "Por que você fez a pílula do meu sabor favorito?"

Ino tinha dito que devia ter uma terceira pessoa para provar as pílulas, para ser justo, então por que raios? Sakura estava muito curiosa para a resposta.

Ino tinha um olhar desconfortável em seu rosto.

"Nenhuma razão em particular... Eu só pensei que seria bom se eu desse algumas para você comer também..."

Pff, como se fosse.

Ino tinha pensado a mesma coisa que Sakura, e deu à pílula o mesmo sabor da comida favorita de sua oponente.

No final das contas, a sua discussão que tinha começado por causa da moldura tinha terminado com elas tramando a mesma estratégia para cozinhar.

Pensando na coincidência absurda, Sakura não pôde deixar de começar a rir.

"Ahahahaha, o que foi? No final, você teve a mesma estratégia que eu."

Ino foi pega pelo riso de Sakura, e começou a rir também.

"Fufu, bem, nós passamos um longo tempo juntas. Quantos anos passamos juntas? Eu sei tudo o que você pensa."

"Nós duas sabemos." Acrescentou Sakura.

Ambas estavam de frente uma para outra e rindo ao ponto de se tocarem. Eventualmente, Sakura se acalmou, e esfregou os dedos em sua calça.

"Ok, como alguém que pensa da mesma forma que você, eu tenho algo para falar?"

"O Quê?"

"Você não acha que se nós duas procurarmos um presente de casamento, seríamos capazes de encontrar algo muito melhor do que uma moldura?"

"Naturalmente. Se nós combinarmos meu senso de moda com o seu, ninguém poderia nos deter!" Disse Ino, com uma piscadela e um sorriso.

"Certo!" Sakura lançou um punho no ar. "Então vamos, ambas encontraremos o melhor presente de casamento!"

Ino sorriu. "Honestamente, Sakura... você se tornou uma força a ser reconhecida." Ela estava encarando Sakura com um olhar de melancolia e de repente seu rosto ficou sério. "Nos velhos tempos, Você costumava ser uma chorona.... As pessoas chamavam você de 'garota testuda' ou 'testa de marquise’, e você começava a chorar todas as vezes..."

"Espere um pouco, Ino!" Exclamou Sakura. "O que você quer dizer com 'testa de marquise’?! Não chame pelo nome uma pessoa nunca foi chamada por esse nome! Pensando nisso, você acabou de inventar esse nome, não é?!"

Ino mostrou a língua para ela.

"O qu– você! Volte aqui agora!"

"Ahahaha, aprenda a aceitar uma piada!"

Ambas as vozes se misturavam com o caos de Konoha, mas elas soavam inconfundivelmente felizes.

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Sakura e Ino.

As duas sempre seriam rivais. E sempre seriam as melhores amigas.

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